segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

No último post deste blog, disse ao final que prefiro a carroça puxada a braço do que um carro sem gasolina. Sentindo-me inapta a conseguir alguns resultados, mesmo com este projeto, coisa de ser humano que tem dessas adinamias, caí um tanto anêmica e admito. Mas minha sorte é grande, e tenho ao meu lado pelo menos uma pessoa que sempre acreditou em mim. Pessoas assim nos erguem e, quando ergui os olhos, deparei-me com Carolina Maria de Jesus. Valei-me que prefiro mesmo a carroça puxada a braço! e são os braços fortes dessa Carolina que puxava carroça para catar papel, que hoje me inspiram um tanto mais e me espertam: até aqui tive fome, não hei de morrer dela.




Pequeno Resumo: Carolina Maria de Jesus (1914 - 1977)

Tendo vivido a infância e a adolescência em Sacramento, Estado de Minas Gerais, a filha de negros Migrou para São Paulo em 1947, em busca de vida melhor, indo morar na extinta favela do Canindé, na zona norte da cidade. Trabalhou como doméstica e tornou-se catadora de papel até sua morte. Mãe de três filhos, Carolina nunca casou-se. Foi matriculada em 1923, no Colégio Allan Kardec, primeiro escola espírita do Brasil. Ali estudou pouco mais de dois anos graças à generosidade de uma benfeitora, Maria Leite Monteiro de Barros, para quem sua mãe trabalhava como lavadeira. Toda sua educação formal na leitura e escrita advém deste pouco tempo de estudos. Até aqui temos uma história que poderia ser a de qualquer outra mulher brasileira pobre: negra, semialfabetizada, favelada, como tantas que existem pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe: a paixão de Carolina Maria de Jesus pela leitura e pela escrita. Isso fez toda a diferença em sua vida. Em muitos cadernos Carolina escreveu, além de outras obras, "Quarto de Despejo: Diário e uma Favelada", que retrata seu cotidiano e o de uma sociedade miserável, à margem da sociedade. Essa obra mais conhecida, contou com tiragem inicial de dez mil exemplares esgotados na primeira semana. É importante ressaltar que foram vendidos em torno de um milhão de exemplares em mais de quarenta países, fazendo dessa, uma das obras brasileiras mais vendidas, traduzida em 13 idiomas. Apesar disso, Carolina morreu pobre, catando papel*. Independentemente de seu fim, ela fez o que se propôs e isso continua vivo até hoje, através deste post, por exemplo. E também, apesar de qualquer circunstância em minha vida, sei que valho por mais um motivo: rememorar Carolina Maria de Jesus. Salve!


*Para entender os porquês de mesmo sendo tão bem sucedida em sua obra, Carolina morreu catadora de papel, e para saber mais e com maior riqueza de detalhes sobre sua vida e obra, indico o seguinte site: 
http://vendavaldasletras.wordpress.com/2010/07/17/carolina-maria-de-jesus-quarto-de-despejo/




Manuscritos de Carolina 

Maria de Jesus. Foto de 

Robert M. Levine, 1993

(...) em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.
(In: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 7. ed. São Paulo: Ática, 1998. p. 171).


Fontes: http://www.itaucultural.org.br/brasil_brasis/negro/sessao02.htm#

http://vendavaldasletras.wordpress.com/2010/07/17/carolina-maria-de-jesus-quarto-de-despejo/


Nenhum comentário:

Postar um comentário