quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O ponto auge das minhas caminhadas diárias para a Universidade do Grande ABC (atual Anhanguera) era o Viaduto Juvenal Fontanella, que liga as avenidas dos Estados e Industrial. Caminhando nessa direção, o lado para o qual eu olhava era o da direita, onde a vista é a da Favela dos Ciganos. Já na alça inicial do viaduto existem algumas casas, e uma delas em especial será o foco do post de hoje. Lembro-me de um dia estar passando por ali e de olhar para baixo (como já me era um costume). A janela e a porta da casa, que dão diretamente para o beco entre as casas e o viaduto, estavam abertas. Dentro dela uma travesti fazia as unhas sentada no sofá, a outra andava nua em direção à TV,  e a outra varria a casa com os seios à mostra. Essa imagem me foi captada muito rapidamente visto que eu não queria arriscar que uma delas não gostasse muito de me ver observando a vida alheia. Confesso que tive vontade, para mim era surreal uma cena assim. As vi muitas vezes por ali, são mais velhas e estão sempre travestidas (fora de casa), mesmo para irem ao mercado. Ah! Claro. Um dos meus objetivos é entrevistá-las e conhecer suas Histórias. Quem sabe me autorizem até mesmo fotografá-las.

Encontrei uma matéria na internet, do Diário do Grande ABC, datada em dezembro de 2008 que diz que a maioria das travestis que moravam nas ruínas da antiga fábrica de estruturas metálicas "Companhia Brasileira Fichet & Schwartz Hautmont", na Avenida Industrial, foram morar na Favela dos Ciganos, após desocupação do terreno por motivo de arrematamento por construtora. 
Em registro consta: "Adorava viver na fábrica, mas aqui está bem melhor. Nos sentimos mais seguros", disse Sheila Rodrigues de Almeida, 31."

Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/2642047/terreno-da-av-industrial-e-desocupado.aspx

6 comentários:

  1. Mal posso esperar para as próximas histórias.
    Uma sorte ferroviária.
    :)

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  2. Seja muito bem-vinda, querida formiga alienígena rs.

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  3. Exite alguém lá na favela que recepta produtos furtados, vendidos por usuários e dependentes químicos, pois furtaram a bicicleta do meu filho e foi vendida lá. Isso e um relato muito triste, pois exite um comércio que gira em função da venda de drogas e compra e venda de objetos furtados. Precisamos mudar esse quadro, pois isso gera muita violência.

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  4. Sim, Jair! A realidade é essa, não apenas nessa favela mas também nela. Estou pesquisando e relatando tudo desde o dia 1 deste ano e tenho certeza de que irei conhecer um tanto ainda de tudo o que acontece. Com isso eu seria inútil cruzando os braços. O quanto eu puder, garimparei caminhos a favor da paz e de melhores condições de vida aos habitantes da favela e aos que estão às margens dela. Sem hipocrisia, é muito difícil que a criminalidade finde, mas pode diminuir bastante. Espero e faço a minha parte. Muito obrigada, o relato é muito importante e bem-vindo.

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